sábado, 14 de janeiro de 2017

'OS NEGROS NA FESTA DO SÉCULO XX'

A proibição da lavagem, segundo Serra (1990), teve consequências que o episcopado não previu: a afirmação do rito do Candomblé. Segundo esse autor, este rito passou a ser... ...'a via disponivel para o Sacramento da obrigação dos negros....as sacerdotisas negras passaram a assumir o desempenho dessa reduzida lavagem....e o rito lustral da igreja foi solenizado quando as baianas agora verdadeiras Mães de Santo passaram a protagonizá-lo. A pardeiras Mães de Santo passaram a protagoniza-lo. A partir desse momento a lavagem é cumprida por suas oficiantes com a unção e reverencia. (s=Serra, 19999). Destaca ainda Serra, 1999, que as baianas passaram a '...celebrar um ato, uma celebração sagrada, na fronteira com o profano' e que a foia ficava por conta do povo que brincava ao redor das baianas. Oficialmente, a lavagem continuava a não acontecer. Os jornais da última década do século XIX não falavam sobre esse rito, no entanto, a partir de 19)2 as noticias começaram a aparecer. Porém, o Diário da Bahia, de 17 de janeiro de 1902, nos diz: 'realizou-se hontem(escrevia assim!) a tradicional lavagem da egreja do Bonfim com uma romaria de aguadeiros que conduzindo barris cheios de água seguem para a egreja(escrevia assim), numa simplicidade primitiva, gargalhando a vontade levando seu gerico enfeitado ...e acompanhando por creoulas(escrevia assim) de camisas de crivo..'. Esse mesmo jornal, no dia seguinte, corrige a notícia do dia anterior: '...quinta-feira o que houve não foi à lavagem, mas simplesmente uma romaria alegre de carroceiros e aguadeiros ao ofim...tendo desaparecido a velha usança da lavagem da egreja, como se fazia em tempos idos. Hoje, sexta, essa ablução será feita pelos empregados da egreja e de portas fexadas(escrevia assim). Essa reportagem demonstram que, apesar da proibição, ainda persistia entre os negros e a população da cidade (a parte branca, burguesa, não aceitava a presença dos negros nessa festa e em outras, essa ressalva é minha), o rito da lavagem, agora denominada de 'procissão da água', na quinta-feira, chegando, inclusive, a confundir a imprensa, pois notícias semelhantes encontramos no Diário de Noticias, de 15 de janeiro de 1904. Aos poucos, a população conseguia burlar a ação da Igreja, pois, o jornal diário da Bahia, de 18 de janeiro de 1905, traz a seguinte notícia: ' festa já estar tomada por toda a população'! Por que essa informação? Por que a burguesia baiana, branca, com o fim da escravidão, ainda não aceitava a presença do negro nessas festas populares! Pois é, minha gente, com tantos preconceitos, ainda hoje, se voltármos ao passado, realmente, o Brasil vivia momentos de muita tristeza! O negro, como todo escravocrata acha, não é um ser humano, como qualquer um de nós, mas, um objeto!

Nenhum comentário:

Postar um comentário