segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

UM LIVRO FANTÁSTICO: 'O CRIME DE ANTONIO VIEIRA', DE AUTORIA DO JORNALISTA E LITERÁRIO PEDRO CALMON, ONDE CONTA A SUA BRILHANTE TRAJETÓRIA NO INÍCIO DO SÉCULO NO BRASIL, ESPECIALMENTE, NA BAHIA, ...



......aproximadamente, na década de 30 a 40, pasmem do ano de 1.500, ANO DO DESCOBRIMENTO DO BRASIL!

Mas, ele adoeceu e voltou para Portugal, sua Lisboa. Mas, a saudade da Bahia foi tão grande, que, eo 1638, debilitado, fez questão de viver seus últimos dias na 'TERRA LINDA DA MINHA BAHIA', indo passar esses dias em um mosteiro no 'LARGO DO TANQUE'!

Vejam como ele achou a sua 'BAHIA' após esse regresso:

'Nem tão longe ficava das moradias da cidade, que se não vencesse a distância com a sua meia hora de cavalo ou 'serpentina' (NO OMBRO DE ESCRAVOS); nem tão perto, que se quebrasse encanto da solidão pela visita de estranhos, a quem Vieira não desejava ver afastado até do irmão e do sobrinho, aposentados à sombra dos muros do S. Bento e poderosos pelos privilégios e cargos que lhe alcançara, desde os dias prósperos de D. João IV'.

'Quarenta anos modificaram tudo. A gente e o país. Nem a Bahia era mais a mesma, nem os seus homens iguais aos que, na capela da Misericórdia, ali na rua Direita, ou na igreja da Ajuda, a dois passos do Paço Municipal, lhe ouviram o sermão da Visitação de Nossa Senhora ou pelo bom sucesso das armas portuguesas. Ia a coisa de ponto, a escrever para o reino, que se não reconheceria a cidade, tanto crescera, estalando as faixas, que eram as suas trincheiras e os seus muros, e derramando-se, como água transbordante, pelos níveis altos e pelos vales, por onde agora impavam as casarias. ...Eu a desconheci, quando depois de 40 anos de ausência a tornei à ver muito acrescentada e enobrecida de casas, mas totalmente despovoada de homens. Tudo se refizera, melhora, corrigira, com a paz: que durava oito lustros, os governos sisudos e as lavouras abundantes. Ao tempo dos holandeses, quando escrevera as ANUAIS DA PROVINCIA DO BRASIL, o Governador Geral e a Câmara habitavam estreitos brados cujas empenas ameaçavam de ruir sobre a praça onde se defrontavam amparados pelos orgulhosos cunhais de dois solares de nobreza....A Misericórdia, adiante,  o hospício e a igreja com pompas de edifico real: e firmava o ângulo com o paredão lateral da´Sé, que se concluía devagar, como obra que os séculos labrariam, cautelosos. O portão, coroado do globo cintado da monarquia, abria no eixo da rua com majestade e decência, próprias de Catedral. A fachada, de pedra artesonada, suspendia sobre o barranco a pique as duas torres que, vistas do mar, muito em baixo, lembravam braços brancos imobilizados no apelo aos céus. E como eram diversas as moradas ao longo dos becos, pelas ruelas sinuosas e com gostas úmidas que mergulhavam na montanha, sombrias e tortas como carreiros. O colégio da Companhia, enorme, desatado pelas bordas do abismo, com o templo àOilharga olhando a praça desafogada, onde se corriam touros, tinha aspectos de fortaleza guardando vertentes......À roda do Paço Municipal, pela rua Direita entre as portas de S. Bento e a praça daquele, e já fora de portas, por S. Pedro acima e pelo Carmo além, as mansões arrancavam, avassalando os baldios, secando os aguaçais, cobrindo s lameiros, ....'.

E assim, PADRE VIEIRA, QUE FOI TÃO IMPORTANTE PARA A NOSSA FORMAÇÃO EDUCACIONAL, CULTURAL E RELIGIOSA, RETRATOU, JÁ VELHINHO, DOENTE, A SUA AMADA BAHIA, PASMEM, SENHORES, TROCOU A MAJESTOSA LISBOA POR SALVADOR!

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