quarta-feira, 10 de junho de 2015

'A VIDA AOS 65 ANOS DE IDADE', DA JORNALISTA MÔNICA BERGAMO, REPORTAGEM NA EDIÇÃO DO DIA 7 DE JUNHO DO JORNAL FOLHA DE SÃO PAULO;

Ela, de forma maravilhosa, humana principalmente, faz um comparativo entre um empresário, riquíssimo, Sr. Luciano Affif, membro da classe social A, e o desempregado Sebastião Leite, da classe E, onde os dois fazem um balanço de suas trajetórias, percorridas uma no topo e outra na base da pirâmide. Luciano Affif, 65 , deixa sua casa em Moema, na zona sul, para ir à Punch, sua corretora de seguros, no centro de São Paulo. Sebastião Ferreira Leite, 65, está desempregado e não sai com frequência. Passa a maior parte do tempo na Morada São João, abrigo da prefeitura onde vivem 210 idosos em situação de vulnerabilidade, também, na região central. Cerca de 1,5 km separa os dois homens, que têm a mesma idade, mas condições sociais opostas desde a infância. Descendente de sírio-libaneses e italianos, Luciano pertence a uma família conhecida no mundo dos negócios. Ele foi vice-presidente da Associação Comercial de São Paulo e é irmão caçula de Guilherme Affif, o atual ministro da Secretaria da Micro e Pequena Empresa. Sebastião, ou Tião, como é conhecido, não teve a mesma sorte: 'meu pai era filho de índia. Os empregados da fazenda pegaram minha avó no mato e ela ficou na casa como empregada. Naquele tempo, os donos da fazenda eram os coronéis. Ai, apareceu meu pai e mais um monte de filhos', conta. Tião começou a trabalhar aos seis anos, em Pesqueira (PE). Sozinho, levava dois jumentos da fábrica de queijo do tio até uma fazenda, a poucos quilômetros dali, para buscar leite. Saia pela manhã e retornava com o tonel cheio próximo à hora do almoço. À tarde, repetia a missão. Quando os bichos empacavam, precisava esperar um adulto passar para ajuda-lo a levantar os animais. Aos 14 anos, perdeu o pai e abandonou a escola para tomar conta da vendinha da família. Veio para São Paulo aos 20 anos, na década de 1970, para 'se aventurar'. Também jovem, aos 13, Luciano começou a trabalhar. Ele levou um susto quando, durante as férias do tradicional colégio São Luís, o pai o acordou com pontapés. 'Filho meu não tem férias. Bota o terno e vai trabalhar', ordenou. Questionado sobre sua renda, Luciano despista, dizendo que estar bem; Já o Tião: 'só recebo do governo essa renda cidadão, de R$80,00. Às vezes, faço um bico', conta. Há um mês, entrou com pedido de aposentadoria porque a dor nas costas o impedia de trabalhar carregando caminhões. "APRENDO MUITO COM AS PESSOAS QUE NÃO T~EM NADA. ESTÃO SEMPRE RINDO, SEMPRE DE PAZ COM A VIDA, MUITO MAIS DO QUE EU', DISSE LUCIANO; 'NÃO ESTOU NA RUA. DOS SEIS FILHOS, NENHUM PEGOU O CAMINHO ERRADO, SOU FELIZ DEMAIS. NÃO SOU FELIZ NA PARTE FINANCEIRA, AI NÃO', DISSE TIÃO! 'VAI CHEGANDO MAIS PERTO, A GENTE É OBRIGADO A ACEITA-LA', DISSE LUCIANO SOBRE A MORTE; 'A MORTE É UMA IRMÃ BOA. NÃO É FALSA, NÃO SE CORROMPE. NÃO PEGA DINHEIRO PARA DEIXAR O CARA AQUI MAIS TEMPO', DISSE TIÃO! Pois é, companheiros, fiz questão de mostrar-lhes esses dois lados da vida! Na questão 'felicidades', um, rico, sem nenhum problema econômico-financeiro se diz 'infeliz', inclusive, por ser viúvo, há uma década, onde perdeu a esposa com câncer, vive sozinho em um apartamento 'triplex', onde os seus filhos moram no exterior; já o TIÃO, que mora em um abrigo para 'velhos', se diz feliz, com seis filhos muito bons com ele, que não 'deram para o errado', apenas sente falta do 'dinheiro', claro, não para ser usado de forma irresponsável, mas, sim, para viver, minimamente, com dignidade! Vejam que ele diz que 'vive' com R$80,00 por mês de ajuda do governo, e ainda existem miseráveis insensíveis que acham que não o governo 'joga fora' essa ajuda! Sobre o tema 'morte', os dois deram grandes e educadoras respostas!

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