sábado, 25 de fevereiro de 2012

"ORDEM E PROGRESSO", texto de Zuenir Ventura, publicado em O Globo, quata-feira de cinzas!


Antes de publicar esse texto, fantástico, sobre o NOVO CARNAVAL QUE DESEJAMOS, ratificando o nosso texto, abaixo, esquecir-me de colocar entre aspas a palavra, dita pelo repórter pernambucano, ao entrevistar o condutor do bonecão:  o têrmo biológico foi dito por êle, mas o certo é fisiológico! Acho, também, que fui envolvido pelas frases, "inteligentissimas", das duas sambistas cariocas!

Vamos ao excelente texto, que ratifica o nosso sonho da volta dos Blocos de Carnaval, sem corda e sem trio elétrico, onde todos possam brincar e gastar pouco:

"ORDEM É PROGRESSO"

Segundo as autoridades , este pré-carnaval não foi igual ao que passou, FOI MELHOR E MAIS ORGANIZADO, deixando uma lição para os que achavam que brincar na rua era incompatível com a ordem.

No ano passado, por essa ocasião, escrevi sobre o transtorno causado em Ipanema pelos blocos que deixaram rastros de imundice, fedor e destruição de calçadas e canteiros. Citava uma reportagem que falava de motocicilistas dirigindo na via fechada para lazer, tumultos na areia, arrastão. E acrescentava o que eu próprio observara: Os ambulantes tomaram conta das calçadas, das pistas e da areia da pria. Eram fogareiros cozinhando churrasquinho e carrinhos vendendo bebidas alcoólicas.

O segredo deste ano é que os dois lados fizeram a sua parte. A Prefeitura providenciou mais banheiros químicos, cercou os canteiros e se reuniu com os diretores dos blocos , que, por sua vez, se empenharam em conscientizar seus foliões. O resultado dessas medidas surpreendeu. Logo depois da Banda de Ipanema, num sábado, e o Simpatia É Quase Amor, no outro, fiz questão de ver o estrago. Constatei, no entanto, que os canteiros destruídos no ano passado estavam intactos, e a frágil tela de proteção colocada em torno das plantas, mais como sinalização do que como barreira, permanecia intocada.

Um sério problema, porém, continuou sem solução: como fazer para que os moradores da orla e adjacências não fiquem presos em seus apartamentos durante o desfile de blocos? Fernanda Montenegro lembra que, quando seu marido era vivo, eles se mudavam para um hotel de onde pudessem sair se ele, em cadeira de rodas, precisasse de atendimento. Apreciadora do carnaval, ela tem uma sugestão que contempla os que querem brincar e os que não podem ficar trancados em casa numa emergência. A solução seria liberar appista junto aos prédios para o trânsito dos carros e reservar a outra, com o calçadão ea pria, para os foliões se esbaldarem.

Faço votos para que a grande atriz e cidadã seja ouvida"


Portanto, espero que o Governador e o Prefeito, da Bahia e de Salvador, não foquem, exclusivamente, os blocos de trios e camarotes, pensando mais no povo que não pode pagar para participar de um desses blocos, elitizados, carissimos, onde a prefeitura gastou  mais de trinta milhões de reais e o estado quase a mesma coisa, sem contármos mais de dois mil homens das policias militar e civil e mais da segurança nacional, como neste ano; centenas de médicos e enfermeiros; auxiliares administrativos; etc., tudo para agradar o Bell Marques; Ivete Sangalo; Claudinha Leite; Carlinhos Brauw; Gilberto Gil e seus convidados do Rio e São Paulo; etc., etc., enquanto isto, o POVÃO PASSA MISÉRIA NAS RUAS TOMADAS PELOS CAMAROTES E BLOCOS FECHADOS! Engraçado é como a mídia pensa que nos engana: Bell Marques nunca baixou as cordas dos seus blocos, ganhando uma fortuna, mas, neste ano, a SKOL O PAGOU DUZENTOS MIL REAIS, POR DOIS DIAS, PARA FAZER A CARIDADE DO SEU TRIO TOCAR SEM CORDA, e a mídia achou "lindo o que Bell fêz para o povo que tanto o admira"!

Para concluir este texto, temos que exigir a mudança dos circuitos do carnaval, pois, a Salvador cresceu e muito, hoje a terceira mais populosa capital do Brasil, e esses circuitos, como o do campo grande, que foi usado no início do século XX, já não comporta mais; o da barra-ondina, central para o planejamento do trânsito, nesses dias, inferniza toda a cidade. Portanto, por que não colocar o carnaval da Bahia na Avenida Paralela, em um trecho que não páre a cidade? Porque o fator econômico é que manda, onde hotéis, bares poderosos e outros interesses não desejam!

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