sexta-feira, 21 de outubro de 2011

"QUANDO SE ENTRA EM UM CEMITÉRIO TEMOS A CERTEZA DE QUE TODOS SOMOS IGUAIS": STEVES JOBS.

"Por que os vivos têm de cuidar dos mortos", artigo da psicanalista e escritora Betty Milan, que, a seguir publicaremos, na íntegra:

A ritualização da morte é necessária porque ninguém a aceita de imediato. Queremos vê-la, positivivamente, como se fôsse uma transformação. A ritualização está a serviço dessa transformação. Sem ela, o luto é mais penoso".
Tratar o corpo dos mortos para conservá-lo até a incineração, ou o sepultamento, é uma prática antiga e comum a todas as grandes civilizações. Na era contemporânea, essa prática, a tanatopraxia, está mais disseminada nos países de cultura anglo-saxã do que nas culturas latinas. No Brasil ela é pouco conhecida, certamente, por causa do tabu da morte.
O tanatopraxista tanto pode se encarregar do preparo simples do corpo quanto da sua conservação. Ele também pode restaurar um rosto deformado por uma enfermidade ou fazer o molde de uma face. Precisa ter conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia. Sua profissão é considerada artística.
Cuidar da pessoa amada depois de morta é indício de grande respeito a ela. E recorrer ao tanatopraxista faz bem também para a família, já que estabelece uma continuidade entre o momento da morte e o da incineração, ou inumação. Evita que a separação seja abrupta e ameniza a dor. A presença do tanatopraxista na casa do morto é em geral recebida pelos familiares como uma ajuda (assistam o filme A PARTIDA, ganhador do Oscar de produção estrangeira em 2009).
A ritualização da morte é necessária porque ninguém a aceita automaticamente. Queremos vê-la positivamente, isto é, como uma transformação, uma mutação ou um acesso do morto a outro mundo. Sem a ritualização o luto é mais penoso. NÓS SOFREMOS SEM OS NOSSO MORTOS  MAS NÃO PODEMOS VIVER COM ELES. O RITUAL SERVE PARA ENCONTRAR A BOA DISTÂNCIA. TEMOS QUE EVITAR A DISJUNÇÃO (a completa negação da morte) e a CONFUSÃO (a relação ininterrupta com o morto).
A morte de um ser querido nos faz sofrer. mas, também nos reenvia á nossa condição de mortais e nos humaniza. Lembra que tudo passa e ensina a valorizar o presente".
Em tempo: duas historinhas: Um ex-deputado baiano, muito trambiqueiro, viciado em jôgo, sempre dando tôco em alguem (para baiano mau pagador), inclusive, os seus cheques eram tão desacreditados que, quando alguém achava um deles, dizia: rasga que é do deputado, soube da morte de um seu eleitor, rico e cheio de votos; foi para o seu funeral, e lá presenciou a viúva colocando sacos de dinheiro dentro do caixão, ao lado do corpo; o deputado, vendo aquilo, virou-se para a viúva e perguntou-lhe por quê daquele gesto, e ela o respondeu que era desejo do morto; o deputado, espertamente, disse-lhe: posso propor-lhe dar-lhe um meu cheque, pelo valor de tudo que está ai, e fico com os sacos de dinheiro para evitármos que o caixão fique pesado, e a pobre caipira topou. Um gaiato que estava no funeral, sabendo da esperteza do deputado, e comentou para todos os presentes: ESSE CHEQUE NÃO SERÁ DEVOLVIDO NUNCA! E outro, ao lado, respondeu-lhe: ATÉ MORTO ESSE ESPERTO ROUBA! E, êle, ouvindo tudo aquilo, os respondeu: SE DESEJAREM FAZER OPOSIÇÃO A MIM, RESPEITEM, PELO MENOS, ESSE AMBIENTE DOLORIDO! A outra história, um colega de trabalho passva as suas férias, com a família, no interior do Estado da Bahia; dormindo em um dos quartos, via, todo final da tarde, a família da espôsa, reunida nesse quarto, rezando vários PAI E NOSSO e OUTRAS ORAÇÕES, voltados para o guarda-rouba, com as portas abertas; um dia, êle perguntou a mulher: POR QUE TANTA DEVOÇÃO A ESSE GUARDA-ROUBA? E a esposa, indignada, o respondeu: Você acha que somos ateus ou idiotas para reverenciar um guarda-rouba? Lá dentro estão as CINZAS DA MINHA MÃE! E, ai, o cara, covardão, se tremendo todo, a disse: VOCÊ PODE DORMI AI, EU NÃO, E, AMANHÃ CEDO, QUERO IR EMBORA PARA SALVADOR!

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