sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

"A VIDA DE VIAJANTE", DE LUIZ GONZAGA!



"Minha vida é andar
Por esse país
Pra ver se um dia
Descanso feliz
Guardando as recordações
Das terras por onde passei
Andando pelos sertões
E dos amigos que lá deixei

Chuva e sol
Poeira e carvão
Longe de casa
Sigo o roteiro
mais uma estação
E alegria no coração.

Minha vida é andar....

Mar e terra
Inverno e verão
Mostra o sorriso
Mostra a alegria
Mas eu mesmo não
E a saudade no coração.

Minha vida é andar...."


Outra composição, fantástica, desse eterno herói brasileiro:

Como é grande a sua letra, alguns trechos:

"A TRISTE PARTIDA"

(quando ele, triste por tantas misérias que assolava o norte-nordeste, vendo milhares de pais de família largando os seus para viajarem para outros Estados, sem dinheiro; analfabetos; saindo de um mundo rural para metrópoles, como o Rio de Janeiro, no seu caso, onde morou de favores, em um daqueles morros, e, milhares e milhares que foram para São Paulo; Brasília, o próprio Rio (lá eles os chamam de "paraíbas", por sinal, engraçadissimo, pois, é reconhecida a pouca vontade de trabalhar de grande parte dos cariocas, e, quem pegou duro foi esse povo, e ainda é humilhado!); Minas Gerais; Rio Grande do Sul; etc., etc.)

Meu Deus, meu Deus
Setembro passsou
Outubro e Novembro
Já tamo em Dezembro
Meu Deus, que é de nós.
Meu Deus, meu Deus
Assim fala o pobre
Do seco Nordeste
Com medo da peste
Da fome feroz
Ai, ai, ai, ai
A treze do mês
Ele fez experiênça (tá escrito assim, na composição)
Perdeu sua crença
Nas pedras de sal,
Meu Deus, meu Deus
Mas noutra esperança
Com gosto se agarra
Pensando na barra
Do alegre Natal
Ai, ai, ai, ai
Rompeu-se o Natal
Porém barra não veio
O sol bem vermeio (estar assim na composição)
Nasceu muito além
Meu Deus, meu Deus
Na copa da mata
Buzina a cigarra
Ninguém vê a barra
Pois barra não tem
Ai, ai, ai, ai
Sem chuva na terra
Descamba Janeiro,
Depois fevereiro
E o mesmo verão
Meu Deus, meu Deus
Entonce o nortista
Pensando consigo
Diz "isso é castigo
não chove mais não"
Ai, ai, ai, ai
Apela pra março
Que é o mês preferido
Do santo querido
Sinhô São José
Meu Deus, meu Deus
Mas nada de chuva
Tá tudo sem jeito
Lhe foge do peão
O resto da fé
Ai, ai, ai, ai
Agora pensando
Ele segue outra tria
Chamando a famia
Começa a dizer
Meu Deus, meu Deus
Eu vendo meu burro
Meu jegue e o cavalo
Nós vamos a São Paulo (espero que os racistas leiam isto!)
Viver ou morrer (quantos morreram de trabalhar! Eu não conheço um só deles que foram para São Paulo ou outros Estados que estão ricos, excetuando-se, claro, o Lula, que, mesmo com pouca educação, mas, com muita cultura, chegou ao cargo de Presidente do Brasil, onde muitos da elite morrem de raiva, pois, queriam que ele fosse um dos milhares e milhares que vivem , ainda, em favelas, mesmo tendo dado sangue e suor pelas suas cidades!). Por sinal, lembro-me de uma frase de Jonh Kennedy, esse estadista fantástico, ao ser contestado pela sua política, amigável, com os imigrantes: "QUEM IRÁ LAVAR OS NOSSOS CARROS? QUEM IRÁ CORTAR AS GRAMAS DOS NOSSOS JARDINS? QUEM IRÁ CUIDAR DOS NOSSO FILHOS? RESUMINDO, QUEM IRÁ ASSUMIR O TRABALHO BRUTO?"  E todos ficaram calados, apesar de, constantemente, protestarem, como fazem os republicanos, muitos racistas!)

Repetindo: Nóis vamo a São Paulo
Que a coisa tá feia
Por terras alheia
Nós vamos vagar
Meu Deus, meu Deus
Se o nosso destino
Não for tão mesquinho
Ai pro mesmo cantiho
Nós torna a voltar (ele voltou, muito antes de morrer, e, lá , em sua terra, Exú, agreste pernambucano, continuou a sua fantástica obra social, criando uma ONG CHAMADA ASA BRANCA!)
Nóis torna a voltar
Ai, ai, ai, ai
E vende seu burro
Jumento e o cavalo
Inté mesmo o galo
Venderam também
Meu Deus, meu Deus
Pois logo aparece
Feliz fazendeiro
Por pouco dinheiro
Lhe compra o que tem
Ai, ai, ai , ai
Em um caminhão (Lula  mais seis irmãos, e sua Mãe, em um caminhão, apelidado pelos racistas de "pau-de-arara", viajou de Exú; passando por Feira de Santana, minha querida Terra, que fica distante de Salvador 105 km, um grande entroncamento rodoviário (e era ferroviário, antes que acabaram!), cortando a Br-116, mais de 2.000 km, chegaram em São Paulo, como bem esse Estadista dissera, sem um tostão nos bolsos, e, sem saber onde morariam, ficando meses com parentes e amigos em barracos!)
Ele joga a famia
Chegou o triste dia
Já vai viajar
Meu Deus, meu Deus
A seca terrivi
Que tudo devora
Ai, lhe bota pra fora
Da terra natal
Ai, ai, ai, ai
O carro já corre
No topo da serra
Oiando para terra
Seu berço, seu lar
Meu Deus, meu Deus
Aquele norista
Partido de pena

Tão triste, coiado
Falando saudoso
Com seu filho choroso
Iscrama a dizer
Ai, ai, ai, ai
De pena e saudade
Papai sei que morro
Meu pobre cachorro
Quem dá de comer?
Meu Deus, meu Deus
Já outro pergunta
Mãezinha, e meu gato?
Com fome, sem tato
Mimi vai morrer
Ai, ai, ai, ai
E a linda pequena
Tremendo de medo
"Mamãe, meus brinquedo (bonecas de pano, feitas pela mãe ou parentes, porque não tinham condições de comprar brinquedos fabricados em lojas, como damos aos nossos filhos; netos; etc.!; os meninos, brincavam de carro, onde pegavam uma lata , velha, amarravam um cordão e saiam andando por ai....., ou, pegavam pedaços de ossos de animais mortos pela sêca, e faziam currais, com pequenos pedaços de madeira, e, dentro, colocavam esses ossos para representarem os animais mortos, que tanta saudades lhes causavam!). Mas, não pensem que a situação mudou, claro, melhorou e muito, pois, com a legislação rural, onde o casal ganha dois salários mínimos, valores que hoje representam quase 600 dólares; mais ovos das galinhas que criam; das próprias galinhas abatidas; e, principalmente, do FOME ZERO, a famosa e criticada pelos ricaços BOLSA FAMILIA, que representa menos de O,5% do PIB , por sinal, o PROER, do PSDB do Fhc, custou-nos 8,5% desse indicador, ou R$85 BILHÕES DE REAIS, enquanto o B.F. nos custa R$9 bilhões por ano, alimentando 60 milhões de pessoas, LUZ PARA TODOS SUBSIDIADA, onde a familia paga R$10,00 por mes; etc., etc. É bom frisar que o salário mínimo, que era reajustado, desde sua criação, por Getúlio Vargas, em 1946, simplesmente custava 80 dólares, e, com Lula, passando a ser reajustado em primeiro de janeiro, chegou aos quase 400 dólares! Portanto, essas crianças ainda continuam brincando de bonecas de pano; carros como se fôssem latas; bois representados por ossos!
Meu pé de fulô?"
Meu Deus, meu Deus
Meu pé de roseira
Coiado, ele seca
E minha boneca
Também lá ficou
Ai, ai, ai, ai
E assim vão deixando
Com choro e gemido
Do berço querido
Céu lindo e azul
Meu Deus, meu Deus
O pai, pesroso
Nos fio pensando
E o carro rodando
Na estdrada do Sul
Ai, ai, ai, ai
Chegaram em são Paulo
Sem cobre quebrado
E o pobre acanhado
Percura umpatrão
Meu Deus, meu Deus
Só vê cara estranha (ainda continuam assim?)
De estranha gente
Tudo é diferente
Do caro torrão
Ai, ai, ai, ai
Trabaia dois ano.
Três ano e mais ano
E sempre nos prano
De um dia vortar (um cidadão, pedreiro, que foi para São Paulo, com 15 anos, segundo ele construiu mais de CEM EDIFICIOS, criando uma família com dez filhos, três mulheres, e, dezoito netos, e , cinco bisnetos, todos, para a infelicidade dos racistas, PAULISTAS E PAULISTANOS, QUASE 50 anos em São Paulo, Capital, morando em um barraco, em um terreno invadido, há décadas, com telhado de telhas eternit, e, paredes de compensados, dizia-nos que nunca tinha ido ao seu Estado, interior da Paraíba, onde chorava, muito, por ter perdido os seus pais e alguns irmãos, sem vê-los, até na hora do entêrro, mas, que, depois de vinte anos poupando, estava indo, com toda a família, para a sua paraíba! Uma rede de televisão acompanhou essa família, pasmem, financiado as passagens aéreas, e, o aluguem de uma van para transportá-los de João Pessoa até a sua terra, uma pequena propriedade rural, de 15 tarefas, e, lá, chegando, ainda teve a felicidade de encontrar três irmãos (cinco já tinham morridos) ; sobrinhos; e, demais parentes, uma casa sem luz e sem água encanada (claro, antes do Estadista Lula assumir o seu primeiro mandato, onde o seu governo colocou LUZ  em mais de 52.000 pequenas e médias fazendas, e, mais de 5.000 cisternas, visando diminuir esse sofrimento de mais de 500 anos!), mas, como bem dissera o repórter, "um palacête se comparado a sua casa em São Paulo", deixando esse profissional, mesmo acostumado com as durezas de reportagens desse tipo, abatido e chorando, pois, era uma residência construída em tijolos; telhas; portas de madeira; cisternas; varandas; uma extensa área em frente a essa casa, apesar de todo o sofrimento de épocas de sêca, por sinal, para a felicidade deles e de todos nós, o "SERTÃO TINHA VIRADO MAR", como bem dissera, em uma linda composição, outra nordestina espetacular ELBA RAMALHO! Perguntado se desejaria voltar para São Paulo, esse pobre e sofrido brasileiro declarara: Sou aposentado, poderia viver aqui, mas, como posso abandonar minha família, todos trabalhando lá e filhos daquela terra? Mas, vejam como é São Paulo: os seus filhos já estavam residindo em casas próprias, de tijolo e outras benfeitorias; profissionais na construção civil, conceituados, onde herdaram a profissão do pai, mostrando como esse ESTADO-NAÇÃO é tão importante para todo o Brasil, como, também, mostrar aos racistas preconceituosos que São Paulo, como a Bahia e outros Estados, pertence a um só povo: O BRASILEIRO! Mas, continuamos com essa obra prima do Luiz:
Meu Deus, meu Deus
Mas nunca ele pode
Só vive devendo (será que continua assim?)
E assim vai sofrendo
É sofrer sem parar
Ai, ai, ai, ai
Se arma notiça
Das banda do norte
Tem ele por sorte
O gosto de ouvir
Meu Deus, meu Deus
Lhe bate no peito
saudade de móio
E as águas nos óio
Começa a cair

Ai, ai, ai, ai
Do mundo afastado
Ali vive preso
Sofrendo desprezo (ainda existe?)
Devendo ao patrão (ainda existe?)
Meu Deus, meu Deus
O tempo rolando
Vai dia e vem dia
E aquela famia
Não vorta mais não

E assim, esse fantástico poeta, de uma visão extraordinária, contando uma realidade, que,infelizmente, ainda persiste, apesar dessas regiões terem se transformado, onde estamos assistindo a imensa quantidade desse povo que migrou voltando para as suas terras, até mesmo, que maravilha, de avião, por sinal, irritando, tremendamente, essa elite porque não se sentem bem em viajar com esse pessoal, que, há uns 50 anos, até Lula assumir a Presidencia, andava de ônibus, velhos, verdadeiros "paus-de-arara" daquela época que os tansportava, QUASE TODOS AINDA POBRES, OU SEJA, SAIRAM NAS CONDIÇÕES SOCIAIS COMO MISERÁVEL E VOLTARAM  EM MELHORES SITUAÇÕES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS, ALGUNS, COM SORTE, TIVERAM SEUS FILHOS EDUCADOS, MUITOS FORMADOS EM NIVEL SUPERIOR, FATOR DE TRANSFORMAÇÃO DESSAS FAMÍLIAS!

Nenhum comentário:

Postar um comentário