segunda-feira, 23 de julho de 2012

"MATAR ALGUÉM SE TORNOU UM VÍCIO"


O Jornal O Estado de São Paulo, edição de 22 deste mes, na coluna CIDADES/METRÓPOLE, relata um depoimento de um psicopata, ex-militar, da polícia estadual de São Paulo, que cumpre pena, de 15 anos, pasmem, 15 anos, em uma prisão "especial" para assassinos militares, verdadeiros hoteis de porte médio (leiam meu texto sobre esse tema, neste blogodopovão), de nome fictício, conforme a seguir, transcreverei parte dessa entrevista:

Como era o serviço?

Movido pela revolta com a situação com que me deparei (favelas, meninas estupradas,pessoas pobres vítimas de roubo). Comecei a rabalhar além do horário normal, muito além das oito horas diárias. Comecei a prender todo mundo. Daí percebi uma outra realidade que também não conhecia. Muitas pesoas presas por mim e conduzidas ao distrito policial eram soltas. Numa ocasião, prendi duas pesoas em flagrante delito, por terem praticado roubo a um supermercado. Isso aconteceu pela manhã. A ocorrência foi apresentada no distrito policial, mas na mesma data, à noite, me deparei com essas duas pessoas livres, andando normalmente pelas ruas de um bairro. Estranhando a situação, realizei a abordagem em ambos, quando um deles disse que tudo estava certo e que a quantia em dinheiro destinada a mim estava com o dlegado de policia na respectiva delegacia,uma vez que houve um acordo para liberação deles. Nesse momento, percebi que a corrupção existente nos distritos policiais da área onde eu trabalhava gerava a impunidade dos delinquentes.

O que aconteceu em seguida?

Passei a frequentar velórios de policiais militares mortos em serviço. Certa vez, uma situação ocorrida num velório me causou revolta. Foi quando houve a condecoração e a promoção, por atos de bravura, de um cabo morto em serviço. Para mim, não havia sentido algum em prestar homenagens e honrarias a alguém morto, isso deveria ser feito em vida. A partir desse exato momento, tomei o lugar de DEUS (pasmem, senhores!). O que significava que avoquei a condição de juiz supremo para mim. Eu é que decidiria quem deveria morrer. Eu era juiz, promotor e advogado. Levava a vítima para um matagal, concedia-lhe um minuto para uma oração e o sentenciava à morte".

Por que matava?

Em primeiro lugar, porque eu me sentia investido de autoridade para tal, no sentido de que podia fazer de tudo. Segundo, por causa da impunidade...........

O que aconteceu então?

MATAR ALGUÉM SE ORNOU UM VÍCIO. Contudo, não percebi que, com o tempo, o que enxergava de errado no outro não enxergava em mim mesmo. Não enxergava a impunidade em mim mesmo diante dos atos que praticava. Acabei sendo preso pela prática de homicídio.

Por que achava que tinha superpoder?

Primeiro, pelo fato de andar armado. Segundo, pelo fato de ser detentor do poder de polícia. Achava que, por causa disso, poderia fazer o que bem quisesse. fazia blitz policial nas horas de folga. Terceiro, porque entendia que devia matar alguém para ser aprovado no meio policial. Algumas vezes colegas de farda  perguntavam se já havia maado alguém. Me sentia cobrado e, para ser respeitado pelo grupo, achei que deveria agir dessa maneira. Praticar homicídio seria uma maneira de sobressair no grupo, de ter prestigio e de ter fama. Fui buscar esse prestígio. ......se não tivesse sido preso, teria continuado praticado outros crimes"

Pela sua percepção o que deve mudar na formação?

O curso de formação deve focar na realidade da atividade policial. Naquilo que realmente acontece. Nunca nenhum instrutor citou caos que ocorreram na vida real e poderiam servir de exemplo, como um alerta. Deve-se também trabalhar com a experiência depois de formado, nos batalhões, mencionando exemplos de fatos que ocorreram em outras unidades. Isso comigo nunca aconteceu. Na verdade, o que ocorre é o seguinte: o Estado te recruta, te dá formação, te dá uma arma, te dá superpoderes, te solta na rua e pronto!"

Pois é, minha gente, estamos ferrados! Principalmente, a população que residem em bairros da periferia das grandes cidades! A insegurança é total gerada por falta de Govêrnos; gerada pela falta de valores familiares, ou seja, a desintegração familiar; pela falta de emprego, principalmente, junto aos pais , e, aos filhos já em idade de trabalho; a desocupação desses jovens é um convite para o crime, pois, sem dinheiro para atender aos chamamentos, desumanos, da publicidade, somados às dificuldades para o atendimeto mínimo para viverem, tudo isto, gera uma bomba, umas, explodindo; outras, de efeito retardado! Essa entrevista desse criminoso fardado, um doente mental, mas, também, causado por uma instituição militar que não se preocupa com o público, interno e externo, jogando dentro da sociedade pessoas doentes mentais, e, o mais grave, armados, com pouquissimas noções de humanidade; solidariedade; compaixão; ausência de autoridades respeitadas, tanto pela honestidade como pela capacidade gerencial; somados a tudo isto, uma justiça capenga; injusta; ilegal; etc., etc..

Um exemplo desse mau treinamento, foi o caso do assassinato, recente, do publicitário em São Paulo, já relatado aqui, neste blogdopovão. Se o rapaz foi parado no seu veículo, estando sentado na poltrona do motorista, rendido, por tres policiais, armados, POR QUE DERAM CINCO TIROS, DE ARMAS DE ALTISSIMOS CALIBRES, matando-o, ao invés de rendê-lo?


Nenhum comentário:

Postar um comentário