quarta-feira, 11 de abril de 2012

MORREU, PARA NOSSA TRISTEZA, O CANTOR E COMPOSITOR DO SAMBA BAIANO, EDERALDO GENTIL!


Em 1966, cheguei de Feira de Santana, a segunda maior Cidade do Interior da Bahia, para estudar o segundo grau no Colégio Estadual Severino Vieira. Fui morar em um Pensionato, perto do bairro da Mouraria, atrás do Quartel do Exército, em um local chamado LARGO DA PALMA. Nesse pensionato tive a felicidade de conviver com várias pessoas, hoje, para nossa felicidade, todos vencedores da vida, como: juizes, desembargadores (não são os de toga, falados pela maravilhosa Eliana Calmon); jornalistas; eu; e, dois grandes nomes do samba: Edil Pacheto e Ederaldo Gentil! O primeiro, grande compositor e cantor, atuante, com músicas feitas para vários famosos cantores, como Alcione; Clara Nunes; etc.; o segundo, o querido Ederaldo, há uns cinco anos, fora da música; de shows; etc., tudo por causa de uma depressão! Não adiantaram apoios e mais apoios para que o mesmo saisse desse terrivel estado piscológico! Era o seu destino!

A seguir, alguns dos seus fantásticos textos encontrados em várias de suas composições. Infelizmente, apesar de grande compositor, sòmente, um disco foi gravado, verdadeiro objeto de arte!

"Não queria ser o mar, me bastava a fonte;
muito menos ser a rosa;
simplesmente o espinho;
não queria ser caminho,
prém o atalho;
muito menos ser a chuva,
apenas o orvalho;
Não queria ser o dia,
só a alvorada;
muito menos ser o campo,
me bastava o grão;
não queria ser a vida,
porém o momento;
muito menos ser concerto,
apenas a canção.
O OURO AFUNDA NO MAR,
MADEIRA FICA POR CIMA,
OSTRA NASCE DO LODO,
GERANDO PÉROLAS FINAS"

Ederaldo Gentil não morreu e jamais morrerá!

A sua imensa humildade, talvez, quem sabe, confundida com essa depressão, era uma das suas marcas, conforme provada em uma das suas músicas:

"Sou o menor dos pequeninos,
o mais pobre dos plebeus,
o alheio inquilino,
o mais baixo pigmeu,
o comum do singular,
o último dos derradeiros,
viadante e peregino,
o mais manso dos cordeiros.
Eu sou maior em lampejos de brandura,
de angélica candura dos mistérios do amor.
Sou bem maior que os pinheiras da humildade,
pelos campos da bondadae, eu sou a
FELICIDADE"

Com toda a sua dor que se apresentava em sua alma, ainda nos deu essa riqueza:

"Depois que Maria da Graça foi embora,
não tenho graça na vida.
A vida pra mim é sem graça,
toda hora escuto um cadê a Graça que eu tinha na vida,
a graça que eu tinha em meu ser.
Como posso eu viver sem Graça,
se já não tenho graça em meu viver?
Um dia aparece Aparecida, no outro Maria, José, Maria das Dores da vida, Maria dos Prazes de Nazaré.
Assim eu vou vivendo nessa vida uma farsa,
pois minha vida sem GRAÇA NÃO TEM GRAÇA".

É uma grande dor que sentimos pela sua ausência! Além do mais, o Bahia perdeu um dos seus grandes torcedores, como Edil Pacheco; como Caetano Veloso; como Gal Costa; como Maria Bethânia; como Gilberto Gil; como Bell Marques (do chiclete com banana); como Claudia Leite; como Carlinhos Braw; e quase todos os artistas desta terra!

As famosas festas de largo da Bahia, sem as músicas de Ederaldo, não tinham os mesmos brilhos! Morreram como êle! A única que ainda vive, cambaleando por causa do turismo, é a Festa do Bonfim!

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